Maratona de Boston: saiba tudo sobre uma das maratonas mais icônicas do mundo

Maratona de Boston: saiba tudo sobre uma das maratonas mais icônicas do mundo
Uma das provas mais cobiçadas do mundo, hoje foi dia de maratona de Boston. Mantendo a tradição, a prova aconteceu em uma segunda-feira. Mas, quebrando outra, desta vez não foi durante o Patriot’s Day – feriado nacional estadunidense que comemora batalhas importantes para a formação da nação que hoje conhecemos como EUA. Bom, mas para falar dos 42.195 metros mais famosos de Boston, vamos por partes. Começando por sua história.
Origem e História 
Impossível dissociar a origem da maratona de Boston com a formação da associação atlética de Boston, conhecida por sua sigla BAA (que, do inglês, significa Boston Athletic Association). Essa associação se reuniu pela primeira vez em 1887, e, inspirada pela maratona que aconteceu durante os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, decidiu reproduzir também uma corrida com a mesma marca de 42.195 metros de distância. Nascia, então, a maratona de Boston, que foi realizada pela primeira vez no ano de 1897.
Desde então, a data da corrida sempre esteve atrelada ao feriado do Patriot's Day. Mas a pandemia deu uma embaralhada nesta tradição. Para começo de conversa, em 2020 a maratona não aconteceu, por conta das restrições do COVID-19. Agora que voltou, em 2021, precisou ser adiada para o segundo semestre. Tudo indica que no ano que vem as coisas voltam a ser como eram no começo: maratona de Boston na terceira segunda-feira do mês de abril, no feriado do Patriot's Day.
Mulheres correndo na frente 
A história da maratona de Boston passa também pela história da luta pelos direitos das mulheres. Isso porque, durante muito tempo a corrida era restrita apenas para homens. Mulheres eram barradas mesmo antes da buzina da largada tocar: não podiam nem mesmo se inscrever. Até que as coisas começaram a mudar em 1966, ano em que Roberta Gibb completou a prova sem um número de peito oficial. Ela fez a mesma coisa por três anos consecutivos: se mantinha escondida até a buzina tocar e acompanhava o pelotão dominado por homens até o fim. Era o começo de uma corrida (mesmo que ainda a passos lentos) por direitos iguais.
Apesar de Gibb ter quebrado essa barreira de forma não oficial, talvez a figura feminina mais famosa e mais notável para dar voz à indignação e aos anseios por direitos iguais entre os gêneros seja Katherine Switzer. Em 1967, ela não se identificou como mulher e o conjunto de suas iniciais K.V. com seu sobrenome Switzer a garantiram um número de peito para correr a maratona de Boston. Camuflada em meio a multidão de participantes, ela largou a prova. Até que em determinada altura do percurso um dos organizadores identificou que um semblante feminino estava inflitrado por ali e tentou tirá-la a força da corrida. O namorado de Katherine também agiu fisicamente para impedir que o fiscal conseguisse expulsá-la da prova. E Katherine não só completou a maratona de Boston daquele ano, como se tornou um grande ícone mundial na luta por direitos iguais entre homens e mulheres.
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BOSTON, MA - APRIL 19: Kathrine Switzer, of Syracuse, N.Y., center, was spotted early in the Boston Marathon by Jock Semple, center right, who tried to rip the number off her shirt and remove her from the race. Switzer's friends intervened, allowing her to make her getaway to become the first woman to "officially" run the Boston Marathon on April 19, 1967. (Paul Connell/The Boston Globe via Getty Images)
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Nem todos correm lá 
Uma das coisas que marcam a maratona de Boston é que não basta querer correr, precisa se classificar para conseguir um número de peito oficial e largar na prova. E essa classificação vem com um índice. Ao contrário de outras grandes provas como Londres, Chicago, Nova Iorque, Berlim e companhia, em Boston o método para filtrar a multidão que pretende correr a prova para caber no número de vagas existentes não é baseado em um sorteio, mas sim em uma dinâmica própria de índice de classificação. Isso significa que para correr em Boston, você precisa ter corrido (e conseguir comprovar) uma maratona oficial que seja aceita pela organização de Boston em um tempo menor do que o estipulado para sua faixa etária / gênero. Esse índice costuma mudar de tempos em tempos. Hoje, estão assim:
Mas não basta apenas correr uma maratona abaixo destes índices. Importante ainda considerar outros dois fatores. Primeiro: a janela de tempo. Não basta ter corrido uma maratona há 5 anos, por exemplo, e usar este tempo como índice hoje. Para cada ano, a janela que abre é restrita, e não costuma se estender por mais de 2 anos (com exceção das últimas edições, por conta da pandemia). Segundo: os tempos de corte. Quem corre poucos segundos abaixo do índice ainda precisa contar com a sorte para superar o tempo de corte, que varia em cada ano de acordo com a procura por inscrições. Por isso, o índice vai te dar uma noção do tempo que você precisa correr para conseguir se inscrever para a maratona de Boston. Mas não necessariamente vai te garantir um lugar na largada. Um exemplo real: em 2021 o tempo de corte foi de + 7 minutos e 47 segundos. Isso significa que um homem de 20 anos só conseguiu se inscrever para a edição deste ano se seu tempo comprovado em outra maratona foi abaixo de 2h52'13".
Não vale como recorde mundial 
Um outro detalhe importante da maratona de Boston: a largada é em Hopkins - uma vila próxima da cidade de Boston - e a chegada é na Boylson Street, já na cidade de Boston. Isso faz com que os participantes corram de um ponto a outro, durante 42.195 metros. Ou seja: o percurso não tem voltas, é praticamente uma linha reta. E, exatamente por este motivo, a prova não poderia ser considerada para fins de recordes mundiais. De acordo com o manual da IAAF, a distância traçada em linha reta entre a largada e a chegada não pode ser superior a 21 quilômetros (metade da prova) para que determinada maratona seja elegível para homologação de recordes mundiais.
Outro fator importante quando o assunto é recorde mundial é que a largada se localiza em um ponto altimetricamente bem mais alto do que a chegada, fazendo com que o desnível seja de aproximadamente 120 metros. Isso também invalida como recorde mundial qualquer tempo feito na maratona de Boston: segundo regras da IAAF, para valer como recorde mundial uma maratona pode ter no máximo 1 metro de decréscimo de elevação por 1 quilômetro de prova. Ou seja, esta variação negativa de altimetria precisa ser de no máximo 42 metros.
Atentado terrorista + Boston Strong 
Durante a edição de 2013, duas bombas feitas com panela de pressão explodiram próximo à chegada da maratona de Boston, ferindo 264 pessoas e causando a morte de outras três. O atentado terrorista foi obra de dois irmãos chechenos. Depois de uma caçada policial para descobrir o paradeiro dos terroristas, três dias depois dos atentados um deles foi morto durante a perseguição e troca de tiros com o FBI e o outro foi preso e depois condenado à morte por injeção letal.
O ataque comoveu o mundo todo. Logo depois, foi criado o slogan "Boston Strong", como reação da comunidade de Boston e cidades do entorno. A maratona de Boston é bem conhecida pela participação de toda a população, como torcedores e voluntários, e hoje em dia o espírito de comunidade e fraternidade é ainda mais evidente.