Magnus Ditlev: o melhor tempo na longa distância da história
4 de julho de 2023

7:24:40 marcava o cronômetro da prova quando Magnus Elbæk Ditlev cruzou a linha de chegada, esmagando em mais de 10 minutos o recorde anterior de Jan Frodeno em 2016 de 7:35:39, no mesmo percurso de Roth e assombrando o mundo triathlon com o tempo mais rápido da história.
(Lembrando que o 7:21:12 feito por Kristian Blummenfelt em Cozumel 2021 não foi homologado em razão das correntezas à favor na natação).
Mas quem é o garoto de 25 anos e 1,95m de altura, nascido no vilarejo de Virum nos arredores de Copenhague? Ainda criança, Magnus se apaixonou pelo esporte quando ia com seus pais, assistir o Ironman Copenhague e ver todo o esforço dos atletas ao completarem a colina de Geels Bakke no final da prova. O menino tinha apenas 20 anos, quando em junho de 2018 e correndo em casa, venceu o Age Group 18-24 no campeonato europeu de IM 70.3 em Elsinore.
No ano seguinte, estava prestes a estrear com os PRO, mas, infelizmente, sofreu um acidente quando bateu em um carro. Quebrou a clavícula e o braço direito pouco antes de sua estreia, no IM 70.3 de Mallorca. Ele disse em uma entrevista ao site TriathlonHealth que: “Os médicos disseram que eu não iria voltar a ser competitivo no futuro. Quando me disseram isso, eu estava na cama do hospital e tudo ficou escuro. Os médicos saíram da sala, pensei: Isso não pode ser verdade!”. Após sair do hospital, Magnus pôde treinar apenas em uma bicicleta ergométrica.
Depois de 5 meses de recuperação e muitos kms rodados na bike, Ditlev fez sua estreia profissional no Challenge Davos em setembro de 2019, voltando para casa com um ótimo 4º lugar e o tempo de 3:44:39. 3 meses após, estava largando no Challenge Daytona e contra nomes como Lionel Sanders, conquistou a 6ª colocação.
Quase 1 ano após estrear profissionalmente, o dinamarquês conquistou sua primeira vitória no Ironman 70.3 Gdynia, na Polônia. Os adversários ficaram de olhos arregalados quando Ditlev e sua Felt (na época) abriram mais de 6 minutos do segundo colocado no ciclismo, fazendo os 90kms em 1:57:38. Patrick Lange foi o terceiro colocado e em uma entrevista após a corrida pergunta ao dinamarquês. "Quem diabos é você?".

Ditlev começa a ganhar espaço no circuito em 2021. Sempre fazendo excelentes pedais, ele conquistou a medalha de bronze no prestigiado Ironman 70.3 St George em Utah. Sua próxima vitória foi em outubro, no Challenge Budva, em Montenegro. O roteiro seguia o mesmo, com a etapa do ciclismo cinco minutos mais rápida do segundo colocado, Ditlev abriu a distância necessária para administrar a corrida e garantir o lugar mais alto do pódio. Assim foi também 2 semanas depois no IM 70.3 de Portugal. Embora tenha saído d'água na 18ª colocação, e quase um minuto e meio atrás do líder, sua bike o colocou de volta na disputa, vencendo o ex-campeão olímpico Jonathan Brownlee.
Sentando na mesma mesa que os grandes Sua estreia na distância Full aconteceu em abril de 2022 no IM Texas, quando ficou apenas 13 segundos do primeiro colocado Ben Hoffman, cravando um sub-8h, com o tempo final de 7:58:11. Como sua segunda prova na distância, escolheu o Challenge Roth em julho, com um start de peso que contava com Patrick Lange, Sam Long entre outros. Ditlev simplesmente não tomou conhecimento dos adversários, fez um ciclismo quase 15 minutos mais rápido que o segundo colocado e o recorde mundial de 4:01:56 nos 180km, além disso, correu a maratona para incríveis 2:40:22, algo que não víamos muito entre os bons ciclistas. 7:35:48 de tempo final e 9 minutos a frente de Lange. Ditlev se consagrava como uma realidade também na longa distância.
Classificado para o Mundial de IM. O atual número 3 no ranking da PTO foi punido no ciclismo, entregando o pedal com 4:13:37. Saiu para correr muito atrás dos primeiros colocados e ao terminar em 8º na estreia em Kona, disse: “Estou obviamente desapontado com o resultado, vim aqui para mais, mas com certeza não será minha última tentativa de título aqui.”
Em sua oitava corrida da temporada e quarta distância Full, Ditlev foi a Cozumel enfrentar condições climáticas extremas e subiu ao degrau mais alto do pódio: “Com a umidade e o aumento da temperatura foi a corrida mais quente que já fiz. O termômetro marcava 39°C. Eu literalmente passei por todos os postos na maratona e coloquei o máximo de gelo que pude sob a roupa”. Mais uma vitória para o dinamarquês voador, com o tempo de 7:50:40 e novamente o melhor pedal do dia.
Os cometas que passaram por Roth Sabemos que Roth é uma prova rápida, que associada a boas condições climáticas pode ser extraordinária para tempos rápidos, soma-se a um start list onde os atletas da ponta brigam por cada metro. Está pronta a receita do bolo para a quebra dos recordes. Foi o dia perfeito para o triathlon.
Tanto que Daniela Ryf também esmagou o recorde feminino anterior, estabelecido no mesmo percurso em 2011 por Chrissie Wellington, que na época fez 8:18:13.
Tudo conspirou para o dinamarquês naquele domingo ensolarado em Roth. Ben Kanute imprimiu um ritmo forte na natação, arrastando com ele Sam Laidlow, Daniel Bakkegard, Patrick Lange e Magnus Ditlev (que nunca teve uma natação forte, mas ficou no rastro dos líderes e saiu no primeiro pelotão, com o tempo de 46:47). Como esperado, o ciclista número 1 da PTO, assumiu o comando no percurso da bike e foi martelando na frente, apenas Laidlow e Bakkegard conseguiram ficar com ele. Bakkegard saiu antes do meio do percurso com um problema mecânico. Magnus inclusive baixou o próprio recorde no ciclismo em mais de 4 minutos. Quando chegaram na T2, Ditlev e Laidlow estavam 12 minutos à frente. Mas com Lange ainda vivo na corrida. O que fez os dois líderes não diminuírem o ritmo e assim permaneceram até o km 10 da corrida, quando Laidlow começou a ficar para trás. Lange estava a todo vapor com uma corrida histórica e deixou a diferença em 9 minutos. Ao chegarem à cidade para a parte final da corrida, Ditlev estava inteiro, embora Lange continuasse a diminuir a diferença, a vitória nunca pareceu sair das mãos de Magnus Ditlev.
Lista de recordes batidos em Roth 2023:
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Melhor tempo no ciclismo: Daniela Ryf - 4:22:56 (média de 41,08 km/h)
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Melhor tempo total: Daniela Ryf - 8:08:21
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Melhor tempo no ciclismo: Magnus Ditlev - 3:57:45 (média de 45,39 km/h)
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Segundo melhor tempo no ciclismo: Sam Laidlow - 3:58:01 (média de 44,58 km/h)
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Melhor tempo na corrida: Patrick Lange - 2:30:27 (pace de 3:34 min/km)
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Melhor tempo total: Magnus Ditlev - 7:24:40
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