Fan Engagement no endurance: um desafio possível?
25 de fevereiro de 2021
(Por Arthur Borelli)Nos últimos anos, percebeu-se um movimento forte no Brasil visando a transformação de um evento esportivo em ‘espetáculo’, o que, naturalmente, leva a uma experiência diferente para o público. De uma forma muito simplista de comparação, fazer dela um show, uma peça de teatro ou cinema. Não vai aqui nenhum tipo de questionamento sobre o quão relevante é esta transformação, porém, é preciso refletir sobre alguns temas para que esta desafiadora mudança possa um dia ocorrer de fato.Primeiro, é importante falar da cultura. Infelizmente, numa rápida análise sobre nosso histórico, é possível perceber que nossa cultura não proporciona a esse público (consumidores) o prazer de gostar do esporte. Exemplo: são poucos, se comparado ao potencial, aqueles que gostam do futebol. A maioria gosta do seu time. Essa torcida se restringe a ‘consumir’ o seu time, em especial quando ele está em alta nos campeonatos. Parece confuso, mas não é. Vivemos num cenário em que o torcedor de um time não assiste a um jogo importante do rival. Pior, não é raro acontecer até mesmo o boicote por ser um rival histórico. Isso não é gostar de futebol.Falando então de fan engagement, que acredito ter ganho mais força em função do recente histórico de Jogos Olímpicos Rio-2016 e Copa do Mundo 2014, caímos na cilada de pensar que, para atrair essa gigantesca massa de fãs e consumidores que representa o mercado brasileiro, basta termos arenas incríveis, estádios modernos e grandiosos, e inserir diversas ações de entretenimento para que tudo ocorra como mundo afora.Posso dizer que talvez este não seja o melhor caminho. É claro que devemos nos estruturar para receber o espectador (ou melhor, o fã) de forma adequada, com segurança e conforto. Mas, sem que haja uma forte mudança cultural onde gostar do esporte seja tão importante quanto gostar do atleta A ou B, não conseguiremos falar de esporte, e sim de mais um evento.A construção de uma nova cultura começa com as novas gerações e uma nova visão sobre o tema. E esse é um desafio ainda mais difícil a cada dia que passa, se pensarmos que a juventude hoje está consumindo conteúdos e entretenimento multitelas, cada vez mais longe da atividade física e de acompanhar esporte in loco. O modelo de experiência para o fã perde força à medida que as novas gerações perdem o interesse. É responsabilidade de todos que de alguma forma atuam no esporte trabalhar incansavelmente nesta mudança. Somente assim todo importante esforço em prol do fan engagement será percebido, valorizado e terá sucesso.Arthur é especialista em Marketing Esportivo e CEO da Think Sports
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