Por Wagner Araújo  Com a expansão do Coronavírus pelo mundo, especialmente após o anúncio da quarentena de todo o país na Itália, mais e mais atletas se vêm com dúvidas em relação a cuidados. A situação se torna ainda mais complicada com a enxurrada de fake news nas redes sociais, algumas atribuindo o consumo de determinadas substâncias para extinguir o vírus, o que que causou, inclusive, inúmeras mortes. No que se refere aos triatletas, há alguns elementos da rotina que geram bastante dúvidas: academias, piscinas, viagens e provas. Essas são as áreas onde há maior risco de exposição. Para explicar os riscos e, principalmente, as medidas preventivas que devem ser tomadas em cada caso, conversamos com o Dr. Daniel Prestes, triatleta e médico do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e do Hospital Israelita Albert Einstein. Inicialmente, é importante ressaltar que as fake news, hoje, são um grande empecilho ao controle, monitoramento, prevenção e tratamento dessa e outras doenças. Para o Dr. Prestes, os principais impactos das fake news são as seguintes: - Aumentam a chance de disseminação da infecção por reduzirem a adesão da população às medidas corretas de prevenção; - Retardam a chegada rápida e clara da informação à população; - Geram pânico em um momento que precisamos de calma e cooperação da população; - Prejudicam o uso racional dos equipamentos de proteção individual, fazendo com que ocorra escassez dos mesmos aos pacientes e profissionais que necessitem; - Enfraquece o trabalho de especialistas; - Reduzem a credibilidade da classe médica. No que se refere às medidas para os triatletas, um dos pontos críticos são as academias. A transmissão do vírus se dá em duas formas principais: 1. respiratória, por meio de gotículas salivares, transmitidas por indivíduos que tossem ou espirram em até 2m de distância; 2. Contato com a superfície do corpo da pessoa infectada, onde há partículas virais dispersas, especialmente nas mãos. Ao levar as mãos aos olhos, nariz ou boca pode haver infecção. Daí a importância de se lavar e higienizar sempre as mãos. Segundo Prestes, as piscinas não devem ser uma preocupação, especialmente as de local aberto. No entanto, áreas comuns como vestiários, saunas etc. possuem riscos maiores. “Caso o atleta opte por continuar suas atividades na academia, algumas medias precisam ser observadas”, explica o infectologista. No entanto, é recomendado sempre optar por atividades em locais abertos. Antes de utilizar qualquer aparelho é essencial desinfecta-lo com álcool 70%, aplicando a substância nas mãos também antes e depois de cada utilização. Dentro de ambientes fechados, evitar ao máximo contato com outras pessoas, lembrando a distância de 2 metros. Com relação às viagens, há uma preocupação específica com o mala bike, com um protocolo que pode ser aplicado em qualquer bagagem: ao se retirar as malas, deve-se passar álcool nas mesmas. No caso das bicicletas, como muitas são inspecionadas pela segurança, deve-se limpar também a magrela. Depois que se realizar a limpeza, deve-se higienizar as mãos. “Sempre que houver contato com algo que possa estar infectado, é importante higienizar as mãos”, ressalta o Dr. Daniel Prestes. No que se refere a provas de Triathlon, um momento de risco maior são os simpósios ou congressos técnicos. Portanto, se houver a possibilidade de evita-los, melhor. Além disso, se distanciar pelo menos 2 metros das pessoas, especialmente as tossindo ou espirrando. Já na prova em si, há poucos riscos de contatos direto entre atletas. O uso de máscaras não é recomendado pelo infectologista nessas circunstâncias, diretriz dada pela OMS. “O uso indiscriminado de máscaras não tem eficácia com relação à prevenção, e pode gerar escassez de máscaras para quem realmente precisa.” Muitas provas na Europa foram remarcadas ou adiadas. Além disso, há companhias aéreas interrompendo suas operações, assim é importante que o atleta fique atento às notícias oficiais e sempre lembrar de higienizar as mãos.